Introdução
A logística de viagens é um dos pilares da performance esportiva moderna: do desgaste físico dos atletas ao controle orçamentário dos clubes, a escolha do modal de transporte impacta diretamente no dia a dia das equipes. Neste artigo, analisamos, em ordem de receita anual (do menos ao mais endinheirado), as principais estratégias de transporte aéreo adotadas por clubes no Brasil e na Europa, ponderando os benefícios tanto para as agremiações quanto para as empresas de aviação.
1. Clubes de Orçamento Reduzido (< €50 mi/ano)
Exemplos: Guarani, Bahia, Real Sociedad (anos recentes)
Modal de Transporte
- Voos Comerciais Regulares (Gol, LATAM, TAP) ou fretamento pontual de assentos em voos já programados.
Benefícios para o Clube
- Custo Baixo: evita contrato de aeronave exclusiva; gasta apenas com bilhetes em grupo.
- Flexibilidade: compra em datas promocionais e reacomodação em malha comercial.
Benefícios para a Cia. Aérea
- Venda de Assentos em Massa: aumento de load factor em voos já operados.
- Potencial de Fidelização: clube em crescimento pode virar cliente habitual.
Contras:
- Alto índice de conexões: aumenta fadiga dos atletas.
- Menor previsibilidade de horário e assentos.
2. Clubes de Médio Porte (€50 mi–€200 mi/ano)
Exemplos: Athletico-PR, Flamengo (pré-2023), Wolverhampton
Modal de Transporte
- Charters Narrow-Body (B737/A320) em rotas críticas.
- Hibridagem: voos comerciais para trajetos curtos + fretamento em ocasiões de torneios internacionais ou mata-mata.
Benefícios para o Clube
- Redução de Conexões: itinerários diretos reduzem tempo de deslocamento e riscos de atraso.
- Planejamento: contratos pontuais com empresas como Sideral permitem previsibilidade de horários e custos (ge).
Benefícios para a Cia. Aérea
- Margens Elevadas em fretamentos, pois tarifas são precificadas pelo serviço completo.
- “Empty Legs”: possibilidade de revender assentos em trechos de retorno sem passageiros.
Contras:
- Custo adicional ao fretar aeronaves, impactando orçamento de médio prazo.
- Dependência de fornecedor único em datas críticas.
(ge)
3. Clubes em Ascensão (€200 mi–€500 mi/ano)
Exemplos: São Paulo FC (após venda de Henderson), Lyon, Brighton
Modal de Transporte
- Contrato Plurianual com Operadora de Charter (ex.: Sideral + São Paulo FC por 2 temporadas).
- Jets Executivos Narrow-Body Configurados VIP (BBJ, 737-700 VIP).
Benefícios para o Clube
- Economia de Escala: até 15% de redução em custos aéreos e 23% em logística geral, segundo acordo SPFC–Sideral (ge, ge).
- Conforto e Recuperação: assentos executivos e catering personalizado favorecem a preparação física.
- Receita Adicional: envelopamento da aeronave com patrocinadores gera mídia espontânea.
Benefícios para a Cia. Aérea
- Receita Contratada: pacote estável de voos ao longo do ano.
- Marketing de Marca: exposição do logotipo da empresa no jato presidencial do clube.
Contras:
- Necessidade de gestão detalhada de cronograma e manutenção de frota fretada.
- Risco de subutilização em caso de mudanças repentinas na tabela de jogos.
4. Clubes Top 10 da Deloitte Money League (> €500 mi/ano)
Exemplos: Real Madrid, Manchester City, PSG, Bayern Munich
Modal de Transporte
- Frotas Próprias (Gulfstream, Bombardier Global) ou master agreements com grandes companhias (Qatar Airways–PSG, Emirates–Arsenal) (Deloitte United States, Deloitte United States).
Benefícios para o Clube
- Autonomia Total: itinerários sob demanda, sem depender de terceiros.
- Sigilo e Segurança: maior privacidade em deslocamentos internacionais.
- Otimização de Performance: cabines equipadas com áreas de descanso e treinamento.
Benefícios para a Cia. Aérea
- Patrocínio Premium: contratos multimilionários com exposição global em uniformes e cortesias.
- Receita Recorrente: contrato de longa duração com obrigações contratuais estáveis.
Contras:
- Alto CAPEX: manutenção e atualização de frota própria exigem investimentos significativos.
- Desafio Regulatório: operações de jatos executivos demandam compliance estrito em direito aéreo.
Conclusão
A gestão do transporte aéreo evoluiu de simples compra de passagens para complexos acordos estratégicos, ajustados à capacidade financeira de cada clube. Desde a flexibilidade dos voos comerciais até a autonomia de frotas próprias, há um trade-off entre custo, conforto e controle. Para as companhias aéreas, essas parcerias representam não apenas receitas, mas um canal de marketing inestimável, enquanto para os clubes, são peças-chave para garantir performance, saúde dos atletas e eficiência orçamentária.
Referências Principais:
- Deloitte Football Money League 2025: receitas recordes e ranking dos clubes (Deloitte United States, Deloitte United States)
Parceria São Paulo FC & Sideral: economia de 15% no transporte aéreo e 23% na logística (ge, ge)